Como otimizar seu projeto de tradução – Parte II
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Da série DICAS PARA CLIENTES DE TRADUÇÃO,
a versão em português do blog Translation Client Zone,
de autoria de Bianca Bold
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No primeiro texto desta série, eu comecei a dar dicas a clientes de tradução sobre como colaborar
com tradutores para seu próprio bem, iniciando com aspectos ligados a
planejamento e materiais de referência. Agora o foco das sugestões para
otimizar o processo é no arquivo que você enviará ao tradutor.
• Envie a versão final do texto
Faça tudo o que
estiver ao seu alcance para que o texto enviado ao tradutor seja a versão final
e revisada. Se não for possível, o mínimo que você deve fazer é destacar as
mudanças feitas depois da primeira entrega. Você pode usar fonte de outra cor,
uma ferramenta de marcador de texto ou, ainda melhor, uma ferramenta específica
para revisões, como aquela que marca as mudanças feitas no Word (“controlar
alterações” ou “track changes”). Nesses casos, é bem comum o tradutor cobrar
conforme o trabalho extra e, dependendo do volume de texto novo, o prazo deverá
ser reajustado.
O que você deve
evitar sempre é aquele vai e vem infindável de e-mails com várias versões do
mesmo texto, principalmente depois que o tradutor já começou o trabalho. Essa é
a receita perfeita para perder tempo e, muito provavelmente, dinheiro.
• Envie arquivos editáveis
Tradutor traduz.
Simples, não é? Entretanto, algumas pessoas pensam que podem enviar uma imagem
a um tradutor e recebê-la de volta com tudo igualzinho, mas em outro idioma.
Bem, isso é perfeitamente viável, mas é outro
serviço que seu tradutor pode oferecer ou não. E nem todos os tradutores
oferecem. Enquanto alguns de nós adoram editoração eletrônica e se divertem
formatando textos, fazendo gráficos, preparando tabelas, criando imagens...
outros não levam muito jeito para isso, não gostam ou simplesmente acham que
não vale a pena investir tempo nessas atividades extras e preferem concentrar
seus esforços no que sabem fazer melhor: traduzir.
A maioria dos
tradutores prefere receber arquivos editáveis. Dito isso, PDFs editáveis são
aceitáveis, mas não ideais. Às vezes é até possível copiar o conteúdo de um
determinado PDF e colar num processador de texto, mas muitas vezes a formatação
se perde. Isso acontece principalmente quando o documento não contém apenas
texto corrido.
O melhor tipo de
arquivo que você pode enviar a um tradutor é num formato que possa ser editado
e que também seja suportado pelas chamadas “ferramentas CAT” (ferramentas de
tradução assistida por computador) que seu tradutor usa. Um breve parêntese é
crucial aqui: ferramentas CAT e, mais especificamente, softwares de memória de
tradução, não são a mesma coisa que ferramentas de tradução automática.
Explicando de forma bem simples e resumida, podemos dizer que memórias de
tradução são arquivos que armazenam frases/segmentos traduzidos pelo usuário.
Então, quando seu tradutor se depara com o mesmo conteúdo ou algo semelhante, o
software oferece as soluções já usadas anteriormente, ajudando a manter a
consistência textual. Uma das vantagens dessas ferramentas é que a formatação
costuma permanecer intacta.
No caso de você
não poder enviar um arquivo editável, as reações variam de tradutor para
tradutor. Antes de começar o trabalho, talvez o tradutor peça que você envie o
material a outro profissional para transformá-lo em texto editável. O tradutor
também pode optar por digitar o texto traduzido em um arquivo simples, sem se
preocupar com a formatação final. Nesse caso, você será responsável por
realizar essa tarefa ou contratar quem a faça. O tradutor pode, ainda, oferecer
a formatação (e cobrar pelo trabalho extra) ou encaminhar o texto a um colega
que cuide dessa tarefa (que cobrará suas próprias tarifas).
Uma ótima citação
para fechar esta discussão, por enquanto, é um trecho da seção "Business
Smarts" de janeiro de 2007 da ATA Chronicle (revista
da American Translators Association),
intitulada "Working with PDFs"
(tradução minha):
Alguns colegas cobram uma sobretaxa fixa para trabalhar a partir de textos impressos e PDFs, a fim de compensar as tarefas de formatação extra e as dificuldades de uso de ferramentas CAT. Em muitos casos, clientes diretos acabam enviando uma cópia editável do documento [...] ao serem informados de que a tradução de um PDF leva mais tempo e, portanto, custa mais caro.
O mesmo artigo
mostra que trabalhar com textos editáveis é também uma forma de reduzir a
margem de erros:
Eles [clientes de tradução] também podem gostar de saber que um tradutor que trabalha a partir de arquivos no próprio processador de texto pode oferecer níveis mais altos de qualidade e precisão, já que elementos como tabelas e listas não precisam ser digitados de forma trabalhosa (e talvez até mesmo imprecisa).
A esta altura,
deve ter ficado claro que colaborar com seus tradutores não significa apenas
facilitar a vida deles. O mais importante disso tudo é que há muitas coisas que
você pode fazer a fim de obter o
melhor produto possível.
Concluindo esta
primeira série de artigos, o próximo texto vai tratar da etapa de tradução
propriamente dita e o que fazer após receber o texto traduzido. Mais uma vez,
vou dar sugestões sobre como se comportar em situações comuns para conseguir o
máximo de retorno em seus projetos de tradução.
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